A Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) realizou uma visita de acompanhamento ao projeto e oficina de PGTA (Plano de Gestão Territorial e Ambiental) do Povo indígena Javaé da Ilha do Bananal (Tocantins) executado pela ICAPIB – Instituto de Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal.

O projeto foi apoiado pelo 1º Edital Dabucury. A agenda foi conduzida por Rochele Fiorini, assessora de Projetos e Formações da CESE, que esteve no território para dialogar com as comunidades, ouvir relatos sobre os resultados alcançados e conhecer de perto as atividades desenvolvidas.
Rochele ressaltou a importância do edital como instrumento de fortalecimento político e cultural dos povos indígenas. Para ela, a experiência mostra que os recursos destinados pelo Dabucury não apenas garantem a execução das ações, mas também ampliam a organização comunitária e fortalecem a luta pela defesa dos territórios. “É muito significativo ver como os recursos do Dabucury têm potencializado as iniciativas já existentes e dado condições para que as comunidades se organizem, incidam politicamente e fortaleçam suas estratégias de resistência. Mais do que apoio financeiro, é um processo de reconhecimento e valorização”, destacou.
O líder indígena Manoel Javaé destacou a relevância da valorização das tradições de seu povo e a defesa do território. Ele ressaltou que manter viva a cultura indígena é também garantir a proteção das futuras gerações.
“Nós precisamos continuar lutando para que nossa cultura não se perca e para que os jovens possam ter orgulho de quem são. O Dabucury foi importante para conhecermos o PGTA (Plano de Gestão Territorial e Ambiental)”, afirmou.
O projeto da ICAPIB nasceu das demandas locais e tem se voltado à formação de jovens e lideranças, à preservação dos saberes tradicionais e à articulação das aldeias em torno de pautas comuns. Essa atuação busca não apenas preservar a cultura, mas também assegurar condições para que as comunidades enfrentem os desafios impostos pelo avanço das ameaças externas. A Ilha do Bananal, considerada a maior ilha fluvial do mundo, é um território de grande riqueza ambiental e cultural, mas constantemente pressionado por interesses que colocam em risco o modo de vida dos povos que ali habitam.
1º edital Dabucury
Nesse contexto, o 1º Edital Dabucury, lançado em 2024, representou uma experiência pioneira da CESE no apoio a povos indígenas da Amazônia Legal. Inspirado em um ritual de partilha e troca entre povos indígenas, o edital tem buscado fortalecer ações de base, promovendo autonomia, incidência política e a construção de alternativas em defesa da vida. Para a CESE, acompanhar de perto os projetos significa reafirmar o compromisso com essas comunidades, não apenas como financiadora, mas como parceira no processo de resistência e transformação social.
Ao final da visita, Rochele destacou que cada encontro com as comunidades representa também uma oportunidade de aprendizado para a própria instituição. “Cada visita é um momento de escuta, de construção conjunta e de reafirmação da nossa missão: apoiar quem está no território, enfrentando diariamente os desafios de defender a vida, a terra e os direitos coletivos. Estar junto é caminhar lado a lado, reconhecendo a sabedoria e a força dos povos”, concluiu.