Fomentar comunicação em rede e compartilhar saberes foram pontos do ciclo de oficinas virtuais que envolveu cerca de 35 indígenas, de diversos povos da Amazônia Legal, em três encontros virtuais, ocorridos entre 27 de março e 4 de abril. Os temas abordados incluíram Produção Textual, Comunicação em Redes Sociais e Design. 

O Dabucury, que nomeia o projeto, é um ritual tradicional do Alto Rio Negro, simbolizando a fartura e a união entre diferentes povos, com trocas de saberes, cantos, danças, e mais, culminando em alianças políticas e sociais. Esta cerimônia envolve ofertas recíprocas de alimentos e artesanato, fortalecendo as relações entre os povos envolvidos.

Um elemento do projeto é a Comunicação Estratégica, que tem como um dos objetivos fortalecer a Rede de Jovens Comunicadores da COIAB- atualmente composta por 80 jovens selecionados por suas organizações de base. A comunicação, segundo Kaianaku Kamaiurá, coordenadora da rede, é dinâmica e está em constante vivência a partir da cultura e diversidade de cada jovem comunicador e comunicadora. “Essas  formações virtuais contribuem para o aperfeiçoamento das técnicas para melhor desenvolver suas habilidades se adaptando a essas diversidades culturais fortalecendo a comunicação nos territórios indígenas e nas organizações de base da COIAB”, diz.

Este ciclo de oficinas é parte do projeto “Dabucury: Gestão Territorial e Ambiental na Amazônia Indígena”, uma iniciativa da CESE e da COIAB, com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, destinada a apoiar projetos para Organizações Indígenas da Amazônia Indígena, com foco na implementação da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PNGATI).

As formações contribuem significativamente para o aprimoramento de técnicas de comunicação, também no apoio às organizações indígenas de base. Isabel Modercin, assessora de projetos e formação da CESE, destacou o impacto positivo das oficinas. “Elas valorizaram e evidenciaram profissionais indígenas da área de comunicação. Os facilitadores, com sua didática e conhecimento, servem como exemplo e referência para os jovens indígenas, ampliando as possibilidades de resultados efetivos dessas ações”, declarou.

Representantes de uma ampla gama de povos indígenas amazônidas, como: Tapirapé, Waiãpi, Manchineri, Javaé, Karajá, Ticuna, Matis, Wayoro, Gavião Parkatêjê, Guajajara, Wapichana, Apurinã, Akroá Gamella, Macuxi, Xavante, Rikbatsa, Tukano, Kayapó, Kambeba, entre outros, participaram das oficinas. 

Hadori Karajá, da Aldeia JK, na Terra Indígena Parque Araguaia, no estado do Tocantins, destacou a importância das oficinas para a abertura de oportunidades pessoais e profissionais. “Vivemos em um mundo cada vez mais digital e conectado, onde é crucial saber comunicar eficazmente e criar conteúdo visualmente atraente. As oficinas não apenas aprimoraram nossas habilidades, mas também nos prepararam para os desafios e oportunidades no mundo da comunicação”, comentou.

Já Poliana Guajajara, da Terra Indígena Caru, no estado do Maranhão, enfatizou o papel da comunicação como meio de compartilhar histórias, saberes e tradições, bem como uma ferramenta vital para a defesa dos direitos territoriais e ambientais de sua comunidade. 

Ao final da fase virtual, 25 participantes seguirão para uma etapa presencial, em Brasília, às vésperas da 20ª edição do Acampamento Terra Livre, ampliando ainda mais suas habilidades e redes de contato.